domingo, 29 de dezembro de 2013

Poesia Completa


CANÇÃO DO AFOGADO
José Paulo Paes

Esta corda de ferro
me aperta a cabeça,
não deixa meus braços
se erguerem no ar.
E o mar me rodeia,
afoga meus olhos.

Maninha me salve
não posso chorar!

Minha mão está presa
na corda de ferro
e os dedos não tocam
a rosa que desce,
que afunda sorrindo
nas águas do mar.

Maninha me salve
não posso nadar!









Algas flutuam

por entre os cabelos,
meus lábios de sangue
palpitam na sombra
e a voz esmagada
não pode fugir.

Maninha me salve
não posso falar!

E a rosa liberta,
a inefável rosa,
vai longe, vai longe
Um gesto é inútil,
Meu grito e meu pranto
inúteis também...

Maninha me salve
que eu vou naufragar!



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